Existe algo que realmente incomoda nos noticiários da TV. É quando dizem que o país tem um grave problema pois o governo está sem dinheiro para fazer investimentos, ou para pagar os salários dos funcionários, ou para o que quer que seja. Incomoda porque existem, pelo menos, dois erros nesse tipo de pensamento.
Em primeiro lugar, um erro conceitual. Vamos dar dez passos atrás e fazer a seguinte pergunta: o governo deveria fazer investimentos, ter funcionários ou gerir qualquer coisa? Se respondermos “não” a essas perguntas, então todo o resto cai por terra. O governo não tem e não deveria ter dinheiro pra isso.
Em segundo lugar, um erro de nomenclatura. Quem “não tem” dinheiro não é o governo. Somos nós! O governo não é, senão, uma instituição que está lá pra gerir os nossos recursos. Elegemos representantes direta e indiretamente para legislar, executar e julgar. Mas o governo não é uma pessoa, um indivíduo. O governo não trabalha, não paga impostos, não produz. Quem faz tudo isso são as pessoas.
Jogar a culpa para os “coletivos” é um jeito simples de empurrar os problemas pra debaixo do tapete. Como o “governo” não pode agir – quem pode agir são as pessoas que participam do governo, além de nós mesmos – ele não pode ser culpado de nada. Quando o governo estoura o orçamento, na verdade somos nós mesmos que gastamos mais do que deveríamos.
É como se entregássemos todo o nosso salário para uma pessoa em nossa casa, e essa pessoa fosse a responsável por pagar todas as contas. Se essa pessoa gasta mal o nosso dinheiro, quem ficou devendo somos nós mesmos! O máximo que podemos fazer é não continuar entregando o nosso dinheiro para aquela pessoa.
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