Pobreza e criminalidade

A situação é comum: mulher pára o carro e sai do veículo pra abrir o portão de casa. Nesse instante, duas pessoas meio maltrapilhas chegam e anunciam o assalto. Não há resistência e nem tempo pra pensar. Os assaltantes jogam a mulher dentro do carro e saem em disparada. Dentro do carro, fazem uma triagem e roubam celular, dinheiro, jóias. Abandonam a mulher em algum lugar a poucos quilômetros dali e vão embora com o carro.

Pra mulher, fica algum prejuízo material, uma peregrinação enorme para cancelar cartões de banco e outros documentos e, o pior, o trauma. O sentimento de impotência e de injustiça: os criminosos provavelmente não serão capturados.

O estrago que foi causado está claro. O dano material talvez seja inclusive mensurável. Mas existem algumas pessoas que acreditam que esses assaltantes talvez não tenham tanta culpa assim. Que a culpa deva ser relativizada, amenizada. Talvez os assaltantes sejam um pouco vítimas, também. Fizeram o que fizeram porque foram forçados a isso.

Que fique claro: esse pensamento é absurdo e injustificável. E a origem dele está na confusão que fazem entre os diversos papéis que uma pessoa pode assumir ao mesmo tempo.

Um homem pode ser um excelente pai e um péssimo trabalhador ao mesmo tempo. Um menino pode ser um aluno sofrível e um ótimo jogador de futebol. O que não é possível admitir é que uma característica ou situação qualquer “empreste” algo a outra. O homem não se torna melhor trabalhador porque seja um excelente pai. Ele continua sendo um péssimo trabalhador.

Algumas pessoas associam pobreza com falta de respeito (às leis, às outras pessoas, como queiram). Acontece que as coisas são distintas. Uma mulher pode ser honesta e ruim na cozinha… ou honesta e BOA na cozinha! Uma coisa não interfere na outra.

Quando usamos uma determinada característica ou situação da pessoa pra “aliviar” outra característica ou situação, estamos cometendo fraude intelectual. Se você se sente mal por alguém passar fome, parabéns, você tem empatia e é humano. Se alguém assalta outra pessoa, este não se torna menos criminoso em nenhuma circunstância. Ele poderá ser apenas um criminoso pobre ou rico. Mas igualmente criminoso. Pobreza e criminalidade só andam juntos na cabeça daqueles que são, eles próprios, criminosos. Nunca misture as duas coisas.

Pobreza e criminalidade. Acredite, é possível ser pobre e honesto.
Acredite, é possível ser pobre e honesto.

Publicado

em

por

Tags:

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *