Ganhos concentrados e custos dispersos

Você entraria numa briga judicial enorme e complicada por causa de R$1,00? Digamos até que seja uma causa justa. Ou, já que o valor é tão baixo, ia preferir deixar pra lá, já que se defender ia custar muito mais que isso?

Por outro lado, você estaria disposto a entrar numa briga judicial enorme e complicada que pode te render R$200.000.000,00 (não se perca nos “zeros”, são duzentos milhões de reais)? Digamos que seja uma causa que você tem boa chance de ganhar.

O incentivo pra “brigar” em cada uma das situações acima é bem diferente. E isso pode ser um grande problema.

Imagine que uma empresa resolva pedir uma verba de duzentos milhões de reais para o governo. Todo o dinheiro do governo vem dos impostos que pagamos, portanto é como se essa empresa estivesse pedindo um real para cada um dos duzentos milhões de brasileiros.

Essa empresa tem um bom motivo pra juntar advogados, fazer pressão e criar uma boa briga. Mas a gente, por causa de um prejuízo de um real, provavelmente não vai querer comprar essa briga.

Esse problema tem nome: ganhos concentrados e custos dispersos. Supostamente, a democracia está aí para nos proteger desse tipo de situação através de leis e instituições que devem ser seguidas por todos indistintamente. Você acredita que estamos protegidos desse perigo?

É só um pouquinho de cada um, não faz diferença.
É só um pouquinho de cada um, não faz diferença.

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