A importância do preconceito

É noite, você está passando por uma rua mal iluminada, ninguém por perto. O silêncio só é quebrado pelo som de passos apressados vindos de trás de você. Você olha pra trás e vê alguém se aproximando. Só é possível ver a silhueta da pessoa, e ela vem com as mãos no bolso da jaqueta, em sua direção. Um único pensamento passa em sua cabeça: “já era…”.

Do nada, dois policiais aparecem na rua. Você dá boa noite para eles e tenta engatar um papo, perguntando onde fica a padaria mais próxima. A pessoa que se aproximava continua andando rapidamente, passa por vocês e vai embora, sem nem olhar.

Talvez você fosse ser assaltado. Talvez não. O cenário era propício, isso não dá pra discutir. Sem testemunhas, no escuro, numa rua deserta, você era um alvo fácil. Na dúvida, você assumiu o pior e se preparou. Como a história teve um desfecho inesperado – os policiais –, você ficou sem saber se aquela pessoa apressada e ameaçadora era, de fato, uma ameaça.

Qualquer um que não se preparasse para o pior num caso desses seria estúpido. Com pouca informação pra avaliar o risco, você deve ser bastante desconfiado. Isso pode salvar sua vida. Mas essa desconfiança ganhou um nome com conotação muito feia: preconceito.

O preconceito é fundamental pra nossa sobrevivência. Quando identificamos situações que podem vir a ser perigosas, temos que nos preparar, seja evitando comprar pão naquela padaria que parece suja ou mudando de calçada quando vemos alguém “esquisito” se aproximando. Em geral, o preconceito não é em relação às pessoas, inclusive, mas em relação a situações. Esse mesmo homem apressado acima, estivesse em um shopping center movimentadíssimo, provavelmente nem seria notado.

Ter preconceitos não é problema, mas ferramenta importante para tentar organizar o mundo quando não temos informações suficientes. O problema surge apenas quando, após termos informações que desmintam a nossa tese inicial, continuamos abraçados a ela por teimosia.

Quem disser que não fica com o pé atrás em uma situação dessas não é corajoso, é idiota.
Quem disser que não fica com o pé atrás em uma situação dessas não é corajoso, é idiota.

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